domingo, 25 de julho de 2010

Sim eu confesso

Eu nunca fui á uma delegacia, pelo menos não até a última quarta-feira. E olha que isso era um motivo de orgulho para mim. Um sinal claro que nos meus quase vinte e sete anos eu fui capaz de me manter longe de problemas, ou melhor, ainda eu nunca fui vítima das fatalidades das grandes cidades.
Mas eu confesso que na última quarta eu fui parar na 57ª DP da Mooca. E o mais engraçado é que eu fui para fazer uma visita. Sim enquanto metade de São Paulo lotava as salas de cinema dos shoppings eu seguia pra delegacia. Calma! Eu não enlouqueci, pelo menos não tanto assim. O motivo dessa inusitada visita era pra lá de nobre, reencontrar um grande amigo. Agora sim vocês estão achando que fui visitar um detento e já me imaginaram com uma cestinha de frutas e com um discurso caloroso para defender o tal amigo que com certeza estaria preso injustamente.
Sinto decepcioná-los, mas não era nada disso, o motivo da visita era o delegado plantonista daquela noite, um amigo pra lá de querido. Como era minha primeira visita a uma DP eu confesso que estava super empolgada com a possibilidade de encontrar  um lugar cheio de gente estranha, indo e vindo apressadas porque um novo crime havia sido solucionado na região. Ou alguém em uma sala coberta de fumaça de cigarro jurando ser apenas um trabalhador.
Para minha surpresa o lugar estava pra lá de calmo e não havia ninguém além dos funcionários. Fui anunciada e me sentei esperando a chegada do meu amigo. Enquanto esperava observava tudo, e o local era tão calmo e normal que eu até relaxei deixando todo aquele cenário fantasioso de lado.E mais uma vez confesso que até fiquei aliviada porque jornalismo investigativo nunca foi lá minha praia.
E quando meu amigo chegou até ele parecia diferente, a camisa azul claro que ele usava dava-lhe um ar quase angelical. Ele me conduziu até sua sala e notei a arma em sua cintura. Não sei o que senti, sempre tive pavor de armas.Mas por algum motivo não me senti nem um pouco apavorada.
Quando entrei na sala dele pensei talvez aqui haja algo diferente, mas nada além de uma sala comum com uma pequena Tv sintonizada em um programa de jornalismo B que insiste em ser classificado como jornalismo investigativo. Pensei bem o programa combina com o ambiente, afinal o que eu queria que ele estivesse assistindo, a novela das sete?
De alguma maneira Diogo me fazia sentir tão bem que eu quase esqueci que estávamos em uma delegacia. Sai de lá rindo por ter vivenciado um reencontro tão inusitado e por de certa forma ter quebrado alguns preconceitos.


Joyce de Almeida

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