Eu não tinha dormido nem se quer por 20 minutos quando o relógio despertou me chamando para as responsabilidades de mais um dia.
Meu Deus eu não podia levantar e suportar mais um dia sem ter dormido na noite anterior. Céus, talvez eu tenha cochilado antes de receber aquele SMS que me fez perder o sono.Li umas 300 vezes para ter certeza de que eu estava lendo era de fato o que ali estava escrito.
E não adiantava fugir a frase era curta e ali conseguia dizer tudo: eu não me importo com o que você sente.Não, não era essa a frase, mas essa era a mensagem subliminar daquela novidade que me tirou o sono. Eu tinha vontade de gritar, de enfiar o dedo na cara daquela pessoa e dizer:
- Peraí, em algum momento você chegou a pensar que eu tenho sentimentos e que sim eu me importo demais em manter todos eles em equilíbrio?
Ou melhor, meu lado baixo queria era mesmo gritar pra pessoa:
- Escuta aqui seu idiota você acha que está falando com um saco de batatas sem sentimentos?Acha que eu vou ficar feliz com essa merda que você acaba de dizer ao não levar em consideração os sentimentos, os meus sentimentos por você?
Eu pensei que deveria chorar, mas naquele momento nenhuma lágrima escorreu pelo meu rosto. Apaguei a mensagem, apaguei o número de telefone, e jurei apagar a pessoa da minha vida.
E minha mente achou prudente me torturar ainda mais fazendo com que a frase ecoasse por toda noite.Logo meus sentimentos depreciativos sentiram-se no direito de me invadir e durante toda madrugada eles estiveram comigo.
E quando o despertador me disse: “bem eu não me importo com sua noite terrível, mas tem um dia atarefado te esperando.” Eu o desliguei e enfim chorei, minha cabeça doía ,meu estômago revirava e tentei dormir na tentativa de que a dor passasse. Duas horas depois decidi enfrentar o dia.
Eu precisava achar uma ótica, meus óculos estavam precisando de um conserto e eu seguia pelas ruas enxergando pouco, em parte pelo astigmatismo e em parte pela raiva que ainda sentia. E eu devia estar com uma cara horrível, as pessoas me olhavam ora assustadas, ora com pena.
Oito da manhã e nenhuma ótica aberta perto de casa. O que fazer com os óculos estragados? O que fazer com a dor de cabeça? O que fazer com o peso no meu coração?
Quase por um impulso entro em um ônibus na tentativa de achar uma ótica no bairro vizinho. Sento no fundo do ônibus, assim meio isolada. Eu queria um muro ao meu redor, queria ser inatingível nesse momento.Mas eu não sou e percebo isso quando uma lágrima corre pelo meu rosto.Rapidamente enxugo essa lágrima mas outras surgem em seguida e parece que quanto mais eu tento secá las mais elas decidem rolar.
Quando finalmente encontro uma ótica as lagrimas cessam para que eu explique o que estou fazendo ali.Quando recebo meus óculos de volta me olho no espelho e percebo que estou pálida, minhas sardas parecem mais intensas nessa palidez , confesso que me assusto quando vejo meus olhos fundos, minha pele pálida e muitas sardas.
Preciso de um analgésico, minha cabeça dói com os barulhos mais intensos na rua.Deveria existir remédio para curar dor de ausência, para curar orgulho ferido.Os laboratórios com certeza ficariam riquíssimos.
Sigo rumo ao trabalho as recordações voltam e lá estou eu sendo vencida pelas lagrimas novamente. E agora é hora dos colegas de trabalho ficarem espantados ao me verem chorar. Alguém me abraça por trás de minha cadeira, alguém me traz um chá.Todos parecem confusos e eu aqui chorando frustrações antigas.
Levo cerca de uma hora pra me recuperar, mente ocupada é de fato um santo remédio. Aos poucos tudo vai ficando tão distante... aos poucos volto a tomar conta de mim e percebo que ajuda ás vezes vem de onde menos se espera e que pontos finais podem indicar o começo de uma nova história com personagens bem mais edificantes do que aqueles imaturos do começo dessa história.
Joyce de Almeida

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