Devo te confessar que calcei seu velho de par de meias. Sim aqueles que eram novos quando você me emprestou naquela noite fria que fui dormir no seu apartamento e eu não conseguia achar as minhas meias na minha mochila.Embora eu jurasse que havia colocado um par daquelas meias coloridas que tanto adoro e que te faziam rir ao meu ver de pijama cor de cosa e meias de sapinhos ou de personagens da Disney.
Naquele dia eu sai do banho dando pulinhos, pois o chão estava gelado e para variar eu nunca levava meu chinelo quando ia para sua casa. E você riu quando me joguei no sofá com os pés descalços e foi para seu quarto procurando um par de meias para me oferecer:
- Que meias você quer?
- Tanto faz...
- Meias compridas, meias soquetes....
E você nem me esperou responder e logo apareceu com um par de meias bem branquinhos, tão quentinhas...pareciam que eram minhas e não suas porque se encaixaram tão bem nos meus pés.Logo olhei o logotipo da Nike, provavelmente eram originais e não aquelas falsificadas vendidas nos comércios populares. Afinal você sempre foi tão.....tão ...taurino....
Quando nós terminamos, eu nem me lembrava que o bendito par de meias tinha vindo comigo, nada mais correto do que devolver as meias lavadas e limpas como você me havia entregado. E eis que achei ali no fundo da gaveta o seu par de meias e a minha primeira reação foi fazer uma bola de meias para a Lola brincar no quintal, de preferência quando ele estivesse bem sujo. Isso vai soar insano, mas para mim seria uma espécie de vingança ao seu jeito certinho e organizado de ser.
Que tolice eu pensei você nem iria saber que seu par de meias da Nike havia virado um brinquedo para minha cadelinha.Respirei fundo e guardei seu par de meias. E comecei a usá- lo de vez em quando principalmente antes de ir dormir. Ás vezes eu me lembrava de você, só dos bons momentos é claro, e ás vezes não. E quando me curei de todos os sentimentos que tinha/tenho por você eu escondi o par de meias novamente no fundo da gaveta.
E sexta passada , eu havia decido que ia trabalhar de tênis, sim praticamente um ato de rebeldia...ah tenho que te contar eu agora aderi aos saltos altos, não sempre é claro mas tenho usado mais vezes.Viu só eu disse para você gostava deles mas que não tinha o hábito de usá- los, embora você gostasse de dizer para todo mundo que eu odiava saltos altos.. Que culpa eu tenho que toda vez que insistia em usar eu ficava mais alto do que você?
Mas enfim eu tenho inveja é de quem trabalha de tênis isso sim para mim é liberdade. Por isso e decidi que também iria e eis que ao abrir a gaveta seu par de meias praticamente saltou sobre mim. Sim eu continuo com aquela mesma desorganização de sempre, embora eu lute fortemente contra isso....
E olha que engraçado nesse dia eu desastrada derrubei uma xícara de café sobre mim...e o café escorreu e molhou meu tênis branco e logo sua meia branca....eu ria pensando qual seria sua reação ao ver sua meia encharcada de café....seu par de meias tão brancas agora estavam com uma mancha de café...
Eu ria que nem ligava para o tênis sujo, para meu jeans sujo....de certa forma eu me diverti ao ver algo seu tomar outra forma, foi como se o batismo de café tornasse aquele par de meias meu e não mais seu.
Joyce de Almeida

Ótimo texto. Preciso confessar que pelo menos esses passados mau resolvidos tem um lado bom: geram ótimas e maravilhosas crônicas.
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